Urbanização da Rua João Pessoa sela o destino do VLT no centro de Santos

As duas matérias acima, publicadas na edição de hoje do jornal A Tribuna, são faces da mesma moeda.
Na primeira, a notícia é a inclusão de parte dos recursos necessários para a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista no orçamento estadual de 2013. Na evidente falta de um fato concreto, como o início da obra, o governo do estado não conseguiu nada melhor para inflar as candidaturas de sua preferência, do que anunciar a reserva dos recursos, que por si não representam qualquer garantia de que o projeto sairá do papel.
Na segunda, a Prefeitura anuncia que vai iniciar a reurbanização da Rua João Pessoa, no centro de Santos, sem incluir o trajeto do VLT pela referida via. Com esta decisão, pode-se concluir que:
1 - O VLT não vai sair mesmo, então a Prefeitura, que já reurbanizou a Rua Amador Bueno, agora vai reurbanizar a Rua João Pessoa, pois não há tempo a perder.
2 - O VLT vai ser implantado e vai circular pelas ruas mais estreitas do centro, implicando em desperdício de dinheiro, em função da recém realizada reurbanização da Rua Amador Bueno, da mudança da linha do bonde turístico da Rua do Comércio, da desapropriação de mais imóveis para o VLT fazer as curvas e no potencial abalo de edifícios muito antigos.
Caso a segunda alternativa seja a verdadeira, está sendo cometido um dos maiores equívocos da história recente do urbanismo, nessas terras. Não somente pelas razões expostas acima e em vários posts que publiquei nas últimas semanas, mas pelo desperdício de oportunidade de implantar o VLT em uma via mais larga e adequada para a circulação de um transporte de média capacidade.
E de quebra, na segunda notícia, ficamos sabendo que Santos possui um "plano de mobilidade urbana", do qual não foi dada qualquer publicidade e de cuja elaboração a sociedade não participou. Além disso, a CET informa que o referido plano "aponta a viabilidade de um estacionamento subterrâneo" no centro, o que, em função das características do solo, do conjunto arquitetônico e do patrimônio arqueológico desta área, é no mínimo uma temeridade.
Aliás, ao cogitar na destinação de milhões de reais para a construção de um estacionamento desses, incentivando ainda mais o transporte individual no centro, a CET revela para que tipo de público está a serviço: os que possuem automóveis e não se importam se o VLT vai sair ou não do papel.

Comentários

  1. O VLT é apenas uma idéia jogada dentro do contexto político eleitoral desde há muito que, como um vagalume, ora aparece aqui, ora ali, como a ligação ilha-continente, ilha de SV-ilha de Sto. Amaro, é ponte, é túnel, são assuntos-moeda de troca ou de pura utilização midiática, coisas como 'marinas' - lembram a maquete do Bayard Umbuzeiro na entrada do Paço? ... e por aí vai... não são coisas sérias.
    Entretanto, há coisas que fazer, com criatividade e coragem para propor o novo, o inusitado, o prático e o engenhoso, com o mínimo de recursos financeiro e o máximo de boa vontade e participação e utilização de recursos e meios já existentes.

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